Kreator: "A raça humana precisa ser orientada sobre o que fazer", diz Petrozza

Jason Cenador, da MariskalRock TV, conduziu uma entrevista com o guitarrista/vocalista Mille Petrozza, do KREATOR.
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SOBRE A INSPIRAÇÃO PARA O TÍTULO "GODS OF VIOLENCE", DO NOVO ÁLBUM:
Mille: "o conceito original falava sobre os antigos deuses gregos. Na Grécia Antiga, para cada faceta humana, havia um deus. Havia o deus do amor, o deus da paz, da violência. Eu queria escrever um álbum conceitual sobre como esses ícones são relevantes ainda hoje. Violência, para mim, é parte da natureza humana. Como lidar com isso hoje em dia me deu a inspiração para este registro."
Sobre o significado da palavra "violence" para ele e para o KREATOR:
Mille: "é uma ideia, mas a mensagem é sobre a paz. Não me entenda mal: é a violência que você canaliza e torna em algo positivo. Por exemplo, você vai a um show, e entra num mosh, despindo-se de toda a violência em um bom sentido, se livrando de todas as emoções negativas. Outro exemplo: você pega a sua guitarra e começa uma banda de Metal. Escreve os riffs mais violentos possíveis. Você transforma o negativo em algo positivo. Essa é a minha filosofia. A violência brutal primitiva está errada. Ela causa guerras, dor, terror, miséria, e não é isso que queremos promover. Queremos promover uma boa perspectiva. Na minha opinião, devemos todos nos dar bem e aproveitar muito da atitude hippie. Queremos que o Mundo seja um lugar pacífico. Isso não funciona, mas eu jogo com essas palavras: "violência", "morte", "terror". É também um reflexo da sociedade; é um espelho."
Sobre a linha "devemos matar", usada na faixa-título do novo álbum:
Mille: "isso foi baseado nos Dez Mandamentos. Um dos Mandamentos diz: "Não matarás". Hoje em dia as pessoas parecem estar com tanta... raiva. Elas sufocam suas próprias emoções, sufocam tudo o que poderia ser bom nas vidas delas colocando merda em suas cabeças. É por isso que existe o "devemos matar". Numa mão, devemos matar tudo o que é negativo, e na outra, "devemos matar" é baseada num Mandamento. É um duplo sentido."
Sobre a eleição de Donald Trump:
Mille: "só posso dizer isso: política tem sido uma mentira para mim. Ela é corrupta e má. Mas, na outra mão, a raça humana precisa ser orientada sobre o que fazer. Existem tantos políticos no Mundo tentando fazer da sua vida algo miserável, que não devemos deixá-los assumir o poder. Devíamos viver nossas vidas sem sofrer horror por essas pessoas. Elas sempre vão estar lá, seja nos rostos dos mais novos ou nos dos mais velhos. As coisas vão ficar bem, eu não me preocuparia. Não haverá uma Terceira Guerra Mundial. Duvido muito."
Sobre qual canção do KREATOR seria mais apropriada para Trump:
Mille (sorrindo): "World War Now, a primeira canção do disco."
Sobre o que inspira as letras do KREATOR:
Mille: "as pessoas sempre esperam que eu seja uma figura política. Eu não. Apenas pego minhas influências de fontes políticas pois, na política, há muitas forças do mal no poder. Isso me dá um monte de material metafórico para trabalhar com as minhas letras. Não sou um grande fã de políticos. Não gosto de muitos deles. Acho que essas pessoas, muitas delas, são corruptas. Provavelmente há alguns bons, mas uma vez que ingressam no poder, toda a bondade se vai. Uma vez que ingressam no poder, elas ficam com fome dele, e isso fode com as suas cabeças.”
Sobre o aumento do uso da melodia pela banda:
Mille: “acho que não é algo que fazemos de propósito. Esses elementos vem naturalmente. Sim, tenho que admitir que temos um guitarrista finlandês – Sami Yli-Sirniö –, então ele adiciona toques escandinavos à música, embora façamos qualquer coisa que torne uma canção ótima. Não impomos limites como: “Isso não pode ser assim. Faremos com que soe desse jeito ou não faremos.” As pessoas irão nos colocar nesta ou naquela categoria. Penso que a coisa mais importante é que escrevamos grandes músicas, não importa como. Tais categorias e comparações, elas vem naturalmente pois tentam orientar a si mesmas.”
Sobre se “Gods of Violence” é o álbum mais técnico e dinâmico da banda:
Mille: “absolutamente. É um álbum totalmente guitarrístico. Toda a coisa está calcada na guitarra. É claro, nós entramos em detalhes, especialmente nas partes melódicas e nos interlúdios suaves. Queríamos que soasse como um Metal Clássico, quase.”
Sobre se ele acha que o KREATOR é a banda de Thrash Metal européia mais bem-sucedida:
Mille (sorrindo): “sim. Acho que trabalhamos duro para isso. Não apenas em anos, mas também em investimentos, muitos deles, muitos investimentos em vida. Por outro lado, eu não quero mais saber de nada. Esta é a minha vida. É o que eu faço. Tento fazer o melhor que eu posso.”
Sobre se ele se preocupa em se tornar demasiado velho para tocar no KREATOR:
Mille: “isso depende. É uma coisa psicológica. Você precisa se manter em forma. Você precisa de energia para ser aquele cara energético no palco que as pessoas conhecem. Uma vez que fico cansado, uma vez que não sinto aquele poder e aquela raiva necessários para performar aquele tipo de música, eu sairei por contra própria.”
Gods of Violence será lançado dia 27 de janeiro de 2017 pela Nuclear Blast.

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